http://bucalblog.blogspot.com/2011/05/gincana-de-genetica-tarefa-6.html
http://emailladentineetlapulpe.blogspot.com/2011/05/gincana-da-genetica-tarefa-6.html
http://taisinhacabral.blogspot.com/2011/05/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_21.html
http://julianny-ij.blogspot.com/2011/05/gincana-de-geneticaum-dia-na-apae-de.html
http://asorridente.blogspot.com/2011/05/questao-6-legendar-o-video.html
http://boutiquesdebarbieri.blogspot.com/2011/05/video-da-gincana-de-genetica-do-dna-ate.html
http://filhotedefauchard.blogspot.com/2011/05/video-sobre-replicacao-do-dna.html
http://liviakarynnelivia.blogspot.com/2011/05/meu-video.html
http://valdemir2011.blogspot.com/2011/05/replicacao-de-dna-video-legendo.html
http://odontorm.blogspot.com/2011/05/reproducaom-do-dna-legenda-por-rayanne.html
Vídeo de Karla Angelim: http://www.youtube.com/watch?v=5SFnlFPssjY
terça-feira, 31 de maio de 2011
segunda-feira, 30 de maio de 2011
Questão 2. APAE de Juazeiro do Norte
Visitamos a APAE de Juazeiro que já tem em média 40 anos de serviço prestado e que é referência para outras cidades aqui perto e vimos que o trabalho prestado ajuda de diversas formas as crianças e adultos que a freqüentam. É uma instituição filantrópica que tem convenio com o município e o estado. Tem também convenio com o SUS.
Lá existe uma clinica onde os pacientes recebem atendimento desde o nascimento e uma escola que vai do ensino infantil até oficinas profissionalizantes. O ingresso dos alunos na escola é a partir dos cinco anos de idade. Uma das tarefas que me chamou atenção foi à dança, assim mesmo como o teatro que ajudam muito no desenvolvimento das crianças, jovens e adultos. Além dessas atividades existem também a musica, pinturas em telas e artesanato e outras.
A instituição conta com vários profissionais como: fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, assistente social e psicopedagoga. Além de dois voluntários que são: psiquiatra e geneticista.
Infelizmente esse trabalho não se estende a família dos pacientes. Muitos deles não sabem lhe dar com esse tipo de problema e precisaria de um acompanhamento, pois o número de pessoas que sofrem preconceito é muito grande.
Possui o sistema de transporte que vai buscar e deixar os pacientes em casa, mas que não atende toda a demanda.
Os horários são de 07:30 as 11:30 da manhã e das 13:30 as 04:30 da tarde.
Lá existe uma clinica onde os pacientes recebem atendimento desde o nascimento e uma escola que vai do ensino infantil até oficinas profissionalizantes. O ingresso dos alunos na escola é a partir dos cinco anos de idade. Uma das tarefas que me chamou atenção foi à dança, assim mesmo como o teatro que ajudam muito no desenvolvimento das crianças, jovens e adultos. Além dessas atividades existem também a musica, pinturas em telas e artesanato e outras.
A instituição conta com vários profissionais como: fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, assistente social e psicopedagoga. Além de dois voluntários que são: psiquiatra e geneticista.
Infelizmente esse trabalho não se estende a família dos pacientes. Muitos deles não sabem lhe dar com esse tipo de problema e precisaria de um acompanhamento, pois o número de pessoas que sofrem preconceito é muito grande.
Possui o sistema de transporte que vai buscar e deixar os pacientes em casa, mas que não atende toda a demanda.
Os horários são de 07:30 as 11:30 da manhã e das 13:30 as 04:30 da tarde.
Questão 1. Entrevista
Entrevistado: Sérgio Eduardo Braga da Cruz
É Cirurgião-Dentista e tem Doutorado em Microbiologia e Imunologia Oral
1. Quando surgiu o interesse de o senhor trabalhar com a Imunologia Oral?
Não houve um interesse direto na Imunologia, mas primeiro na Micro e, de qualquer forma, para quem estuda sobre os micro-organismos bucais, precisa saber como eles atuam e isso depende, de certo modo, da resposta imunológica do hospedeiro. O interesse surgiu durante o meu mestrado em Periodontia.
2. Houve algum fato especifico dentro da sua graduação que levou a escolher a Microbiologia e Imunologia para se especializar?
Não, não houve na graduação, e sim, como citei anteriormente, no mestrado. Mas desde a graduação gostava das áreas básicas, as quais considero de vital importância para o bom trabalho na Odontologia Clínica. Fui monitor de Histologia Geral e Histo Bucal e de Patologia BMF, tb.
3. O que voce acha de mais interessante dentro dessas areas?
A interação micro-organismo-hospedeiro, todo um sistema ecológico que existe e que é muito delicado, porém resistente em condições normais... Saber que qualquer micro-organismo possui uma função, por menor que seja a sua quantidade/proporção, e saber que ele é importante em um todo no seu microambiente. A busca desta compreensão é muito interessante para mim.
4. O que voce diria para um aluno do curso de odontologia que queira se especializar em Microbiologia e Imunologia ?
Primeiro, que não existe a especialização em Microbiologia Oral e Imunologia, e sim, apenas a área acadêmica e de pesquisa, pois a relação com a clínica odontologia do dia-a-dia é muito fraca no Brasil. Portanto, quem quiser dar rumo por esta área, deve saber que no Brasil não há muito espaço, porém em outros países há muito interesse em pesquisadores nesta área, principalmente se possuírem conhecimentos em Odontologia. E aqueles que são dentistas são muito poucos nesta área. Eu quero manter a clínica na área de Periodontia e por isso não procuro sair do Brasil, mas é relativamente fácil, desde que indicado, encontrar espaço em outros países, como EUA, Canadá e alguns da Europa. Porém há muita restrição para se trabalhar em clínicas nestes países com o diploma de Cirurgião-Dentista expedido no Brasil. Segundo, para se fazer pesquisa são necessários paciência (muita!), objetividade, imaginação e criação. Sem fugir claro da realidade, do contexto em que se trabalha. Também são necessários espírito coletivista (não existe pesquisa atualmente se não for em uma equipe, um grupo) e como sempre, para qualquer ambiente de trabalho, muito respeito.
5. Qual foi a sua tese de doutorado?
Minha tese de doutorado foi: "Análise Biomolecular de Comunidades Microbianas Subgengivais associadas às Periodontites Crônica e Agressiva", onde comparei a microbiota das duas periodontites por meio de duas técnicas bio-molecurares: PCR-DGGE e clonagem do gene do 16SrRNA.
6. No que ela pode contribuir para a população?
A contribuição certamente é pequena, porém mais voltada para a comunidade científica, pois contribuirá um pouco na compreensão das diferenças microbianas entre as duas formas clínicas de periodontite. Uma vez que se proponha uma nova forma de diferenciar uma da outra, além de aspectos clínicos, que de certa forma são subjetivos e muitas das vezes não podem ser clarificados durante um exame clínico periodontal, poderia-se realizar terapias mais específicas para cada indivíduo e sua microbiota bucal. Todo mundo que trabalha com pesquisa deveria aprender que não será descoberta a pólvora facilmente e que sempre contribuiremos com uma peça a mais para se trabalhar o conhecimento. Não podemos ser vaidosos demais com o que produzimos. Cada um tem seu papel no mundo, possui sua importância, da mesma forma que cada micro-organismo na ecologia bucal. É tudo igual...
7. Quais são os seus objetivos atualmente?
Objetivos... Como terminei há pouco o doutorado e estou entrando no mercado de trabalho agora, meu objetivo profissional é de me estabelecer em algum ambiente acadêmico, ou seja, me inserir em alguma equipe de pesquisa, ou de educação. Meus objetivos pessoais caminham bem, graças a Deus. Por enquanto meus objetivos são bem "objetivos". :)
É Cirurgião-Dentista e tem Doutorado em Microbiologia e Imunologia Oral
1. Quando surgiu o interesse de o senhor trabalhar com a Imunologia Oral?
Não houve um interesse direto na Imunologia, mas primeiro na Micro e, de qualquer forma, para quem estuda sobre os micro-organismos bucais, precisa saber como eles atuam e isso depende, de certo modo, da resposta imunológica do hospedeiro. O interesse surgiu durante o meu mestrado em Periodontia.
2. Houve algum fato especifico dentro da sua graduação que levou a escolher a Microbiologia e Imunologia para se especializar?
Não, não houve na graduação, e sim, como citei anteriormente, no mestrado. Mas desde a graduação gostava das áreas básicas, as quais considero de vital importância para o bom trabalho na Odontologia Clínica. Fui monitor de Histologia Geral e Histo Bucal e de Patologia BMF, tb.
3. O que voce acha de mais interessante dentro dessas areas?
A interação micro-organismo-hospedeiro, todo um sistema ecológico que existe e que é muito delicado, porém resistente em condições normais... Saber que qualquer micro-organismo possui uma função, por menor que seja a sua quantidade/proporção, e saber que ele é importante em um todo no seu microambiente. A busca desta compreensão é muito interessante para mim.
4. O que voce diria para um aluno do curso de odontologia que queira se especializar em Microbiologia e Imunologia ?
Primeiro, que não existe a especialização em Microbiologia Oral e Imunologia, e sim, apenas a área acadêmica e de pesquisa, pois a relação com a clínica odontologia do dia-a-dia é muito fraca no Brasil. Portanto, quem quiser dar rumo por esta área, deve saber que no Brasil não há muito espaço, porém em outros países há muito interesse em pesquisadores nesta área, principalmente se possuírem conhecimentos em Odontologia. E aqueles que são dentistas são muito poucos nesta área. Eu quero manter a clínica na área de Periodontia e por isso não procuro sair do Brasil, mas é relativamente fácil, desde que indicado, encontrar espaço em outros países, como EUA, Canadá e alguns da Europa. Porém há muita restrição para se trabalhar em clínicas nestes países com o diploma de Cirurgião-Dentista expedido no Brasil. Segundo, para se fazer pesquisa são necessários paciência (muita!), objetividade, imaginação e criação. Sem fugir claro da realidade, do contexto em que se trabalha. Também são necessários espírito coletivista (não existe pesquisa atualmente se não for em uma equipe, um grupo) e como sempre, para qualquer ambiente de trabalho, muito respeito.
5. Qual foi a sua tese de doutorado?
Minha tese de doutorado foi: "Análise Biomolecular de Comunidades Microbianas Subgengivais associadas às Periodontites Crônica e Agressiva", onde comparei a microbiota das duas periodontites por meio de duas técnicas bio-molecurares: PCR-DGGE e clonagem do gene do 16SrRNA.
6. No que ela pode contribuir para a população?
A contribuição certamente é pequena, porém mais voltada para a comunidade científica, pois contribuirá um pouco na compreensão das diferenças microbianas entre as duas formas clínicas de periodontite. Uma vez que se proponha uma nova forma de diferenciar uma da outra, além de aspectos clínicos, que de certa forma são subjetivos e muitas das vezes não podem ser clarificados durante um exame clínico periodontal, poderia-se realizar terapias mais específicas para cada indivíduo e sua microbiota bucal. Todo mundo que trabalha com pesquisa deveria aprender que não será descoberta a pólvora facilmente e que sempre contribuiremos com uma peça a mais para se trabalhar o conhecimento. Não podemos ser vaidosos demais com o que produzimos. Cada um tem seu papel no mundo, possui sua importância, da mesma forma que cada micro-organismo na ecologia bucal. É tudo igual...
7. Quais são os seus objetivos atualmente?
Objetivos... Como terminei há pouco o doutorado e estou entrando no mercado de trabalho agora, meu objetivo profissional é de me estabelecer em algum ambiente acadêmico, ou seja, me inserir em alguma equipe de pesquisa, ou de educação. Meus objetivos pessoais caminham bem, graças a Deus. Por enquanto meus objetivos são bem "objetivos". :)
Questão 3 - Fichamento
Trissomia, tetrassomia e pentassomia do cromossomo X: relato de 11 casos.
X chromosome trisomy, tetrasomy and pentasomy: report of 11 cases.
Trisomia, tetrasomia y pentasomia del cromossoma X: relato de 11 casos.
Beatriz Vasconcelos, Sylvie Antonini, Lilian Maria José Albano, Débora Romeo Bertola, Rachel Sayuri Honjo, Isabel Mosca Furquim, Cláudia Irene Emilio de Castro, Célia P. Koiffmann, Chong Ae Kim.
As alterações cromossômicas constituem cau¬sa importante de morbidade e mortalidade, com incidência de 9 dentre 1000 nascidos vivos. Estão presentes em cerca de 5% de todas as gestações re-conhecidas e são causa de aproximadamente me¬tade de todas as perdas gestacionais. As alterações cromossômicas podem ser nu¬méricas e/ou estruturais. As alterações dos cromossomos sexuais ocor¬rem em 1 a cada 400 nascimentos, as constituições cromossômicas mais freqüentemente encontradas são 45,X, 47,XXX, 47,XXY e 47,XYY, sendo co¬mum a ocorrência de mosaicismo3. Muitas dessas anomalias são compatíveis com a vida e podem ser causadas por falta de disjunção (aneuploidias) ou por rearranjos cromossômicos (alterações estru¬turais). Dentre as aneuploidias que afetam o sexo feminino, a mais bem caracterizada é a monosso¬mia do cromossomo X (45,X), também conhecida como síndrome de Turner, e suas variações. No entanto, a trissomia, a tetrassomia e a pentassomia do cromossomo X também têm atraído interesse à genética clínica, na tentativa de fazer uma correla¬ção do fenótipo com o cariótipo.
Foi realizada uma análise retrospectiva dos resultados dos cariótipos de pacientes atendidos na Unidade de Genética do Instituto da Crian¬ça – USP entre 1992 e 2007. As pacientes cujos cariótipos revelavam trissomia, tetrassomia ou pentassomia do cromossomo X foram então se¬paradas em grupos de acordo com o resultado da avaliação citogenética (cariótipo).
Foram selecionadas 11 pacientes com idades variando entre sete meses e 38 anos, entre as quais nove com trissomia, uma com te-trassomia e uma com pentassomia do cromossomo X.
Sete dentre as nove pacientes com trissomia do X apresentavam trissomia pura. Das duas pacientes restantes, uma apresentava mo-saicismo com uma linhagem normal (47,XXX / 46,XX) e a outra apresentava trissomia tanto do cromossomo X como do cromossomo 21 (48,XXX, +21).
X chromosome trisomy, tetrasomy and pentasomy: report of 11 cases.
Trisomia, tetrasomia y pentasomia del cromossoma X: relato de 11 casos.
Beatriz Vasconcelos, Sylvie Antonini, Lilian Maria José Albano, Débora Romeo Bertola, Rachel Sayuri Honjo, Isabel Mosca Furquim, Cláudia Irene Emilio de Castro, Célia P. Koiffmann, Chong Ae Kim.
As alterações cromossômicas constituem cau¬sa importante de morbidade e mortalidade, com incidência de 9 dentre 1000 nascidos vivos. Estão presentes em cerca de 5% de todas as gestações re-conhecidas e são causa de aproximadamente me¬tade de todas as perdas gestacionais. As alterações cromossômicas podem ser nu¬méricas e/ou estruturais. As alterações dos cromossomos sexuais ocor¬rem em 1 a cada 400 nascimentos, as constituições cromossômicas mais freqüentemente encontradas são 45,X, 47,XXX, 47,XXY e 47,XYY, sendo co¬mum a ocorrência de mosaicismo3. Muitas dessas anomalias são compatíveis com a vida e podem ser causadas por falta de disjunção (aneuploidias) ou por rearranjos cromossômicos (alterações estru¬turais). Dentre as aneuploidias que afetam o sexo feminino, a mais bem caracterizada é a monosso¬mia do cromossomo X (45,X), também conhecida como síndrome de Turner, e suas variações. No entanto, a trissomia, a tetrassomia e a pentassomia do cromossomo X também têm atraído interesse à genética clínica, na tentativa de fazer uma correla¬ção do fenótipo com o cariótipo.
Foi realizada uma análise retrospectiva dos resultados dos cariótipos de pacientes atendidos na Unidade de Genética do Instituto da Crian¬ça – USP entre 1992 e 2007. As pacientes cujos cariótipos revelavam trissomia, tetrassomia ou pentassomia do cromossomo X foram então se¬paradas em grupos de acordo com o resultado da avaliação citogenética (cariótipo).
Foram selecionadas 11 pacientes com idades variando entre sete meses e 38 anos, entre as quais nove com trissomia, uma com te-trassomia e uma com pentassomia do cromossomo X.
Sete dentre as nove pacientes com trissomia do X apresentavam trissomia pura. Das duas pacientes restantes, uma apresentava mo-saicismo com uma linhagem normal (47,XXX / 46,XX) e a outra apresentava trissomia tanto do cromossomo X como do cromossomo 21 (48,XXX, +21).
Questão 3 - Fichamento
Fatores genéticos e ambientais na manifestação do transtorno bipolar
Genetic and Environmental Factors in Bipolar Disorder
LEANDRO MICHELON
HOMERO VALLADA
O transtorno bipolar (TB) se caracteriza por alterações do humor, com recorrência de episódios depressivos e maníacos ao longo da vida.
Diferentes mecanismos genéticos podem estar envolvidos na etiopatogenia do TB, tais como alterações cromossômicas, heterogeneidade de alelos, heterogeneidade de genes (loci), epistasis, mutação dinâmica levando ao fenômeno de antecipação, imprinting e mutação de genes mitocondriais.
Por meio dos estudos de citogenética, foram exploradas possíveis aberrações cromossômicas associadas ao surgimento do TB. Várias regiões foram identificadas como candidatas na suscetibilidade genética do TB.
Outra estratégia para localizar um gene de grande efeito na suscetibilidade a um distúrbio baseia-se no conceito de ligação genética. Esse conceito refere-se ao fato de que dois loci gênicos situados muito próximos num mesmo cromossomo tendem a ser herdados juntos (ligados). Desse modo, se um determinado marcador genético, cuja localização já é conhecida, for sempre herdado junto com a doença pelos membros afetados de uma mesma família, muito provavelmente o gene da doença terá sua localização nas vizinhanças desse marcador. Esse tipo de investigação, em geral, necessita
de famílias grandes e com múltiplos afetados e foi originalmente desenhado para avaliar uma transmissão de um único gene com efeito de grande magnitude. Nisso está a principal limitação dessa estratégia.
Até o momento não foi possível identificar genes ou regiões cromossômicas envolvidos no desenvolvimento de TB, apesar do importante componente genético demonstrado em estudos genético-epidemiológicos. Algumas regiões mostram-se mais significativamente
ligadas ao problema, mas ainda se aguarda a confirmação por meio de novos estudos. Genes candidatos têm surgido com o entendimento dos mecanismos de sinalização celular, reforçados pelos estudos recentes de expressão gênica. Diante das dificuldades encontradas,
novas estratégias de investigação vêm sendo utilizadas e têm trazido contribuições na fundamentação do papel da genética no TB. Paralelamente a isso, a compreensão dos efeitos à exposição ambiental e sua modulação da expressão de genes e dos processos neuroquímicos envolvidos no comportamento permite ampliar a visão sobre a complexidade multifatorial na causa e evolução dos transtornos mentais.
Genetic and Environmental Factors in Bipolar Disorder
LEANDRO MICHELON
HOMERO VALLADA
O transtorno bipolar (TB) se caracteriza por alterações do humor, com recorrência de episódios depressivos e maníacos ao longo da vida.
Diferentes mecanismos genéticos podem estar envolvidos na etiopatogenia do TB, tais como alterações cromossômicas, heterogeneidade de alelos, heterogeneidade de genes (loci), epistasis, mutação dinâmica levando ao fenômeno de antecipação, imprinting e mutação de genes mitocondriais.
Por meio dos estudos de citogenética, foram exploradas possíveis aberrações cromossômicas associadas ao surgimento do TB. Várias regiões foram identificadas como candidatas na suscetibilidade genética do TB.
Outra estratégia para localizar um gene de grande efeito na suscetibilidade a um distúrbio baseia-se no conceito de ligação genética. Esse conceito refere-se ao fato de que dois loci gênicos situados muito próximos num mesmo cromossomo tendem a ser herdados juntos (ligados). Desse modo, se um determinado marcador genético, cuja localização já é conhecida, for sempre herdado junto com a doença pelos membros afetados de uma mesma família, muito provavelmente o gene da doença terá sua localização nas vizinhanças desse marcador. Esse tipo de investigação, em geral, necessita
de famílias grandes e com múltiplos afetados e foi originalmente desenhado para avaliar uma transmissão de um único gene com efeito de grande magnitude. Nisso está a principal limitação dessa estratégia.
Até o momento não foi possível identificar genes ou regiões cromossômicas envolvidos no desenvolvimento de TB, apesar do importante componente genético demonstrado em estudos genético-epidemiológicos. Algumas regiões mostram-se mais significativamente
ligadas ao problema, mas ainda se aguarda a confirmação por meio de novos estudos. Genes candidatos têm surgido com o entendimento dos mecanismos de sinalização celular, reforçados pelos estudos recentes de expressão gênica. Diante das dificuldades encontradas,
novas estratégias de investigação vêm sendo utilizadas e têm trazido contribuições na fundamentação do papel da genética no TB. Paralelamente a isso, a compreensão dos efeitos à exposição ambiental e sua modulação da expressão de genes e dos processos neuroquímicos envolvidos no comportamento permite ampliar a visão sobre a complexidade multifatorial na causa e evolução dos transtornos mentais.
Questão 3 - Fichamento
Retardo mental
Mental retardation
Marcio M. Vasconcelos
O retardo mental (RM) é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes. A taxa de prevalência tradicionalmente citada é de 1% da população jovem, porém alguns autores mencionam taxas de 2
a 3%, e há estimativas de até 10%. Há um consenso geral de que o RM é mais comum no sexo masculino, um achado atribuído às numerosas mutações dos genes encontrados no cromossomo X. A razão entre os sexos masculino
e feminino é de 1,3 a 1,9 para 13. As crianças acometidas muitas vezes apresentam-se ao pediatra geral com queixa de atraso na fala/linguagem, alteração do comportamento, ou baixo rendimento escolar.
A descoberta da fenilcetonúria em 1934 levou rapidamente à constatação de que uma dieta pobre em fenilalanina preveniria o RM associado à doença, e este modelo de definição do diagnóstico, levando ao esclarecimento da fisiopatologia e ao tratamento em potencial, muitas vezes incentivou as pesquisas sobre o RM. De fato, existem várias razões para se perseguir a etiologia do RM5, pois a família deseja esclarecer o problema, e a definição da causa ajuda a estabelecer o risco de recorrência, planejar exames laboratoriais adequados, instituir o tratamento apropriado (se existente), predizer o prognóstico e encaminhar o paciente e a família a grupos de apoio.
Uma avaliação clínica criteriosa atualmente é capaz de identificar a etiologia do RM em até 50 a 70% dos casos, um percentual bem maior do que aquele relatado em séries de casos mais antigas.
A afirmação de que a etiologia é definida com maior freqüência no RM grave deixa de ser válida quando se têm à disposição técnicas de diagnóstico mais modernas, como o cariótipo de alta resolução, a hibridização in situ de fluorescência (FISH), a triagem subtelomérica, a microdissecção cromossômica e a espectroscopia por ressonância magnética.
A investigação laboratorial do RM varia com a idade da criança, o índice de suspeição das etiologias tratáveis e a preocupação dos pais com a recorrência do problema em futuras gestações. Uma conduta ponderada , com reavaliações seriadas da criança ao longo do tempo, às vezes durante vários anos, aumenta as chances de definir o diagnóstico. Como relativamente poucas doenças metabólicas causam RM isolado sem outros sintomas associados, e devido à sua prevalência de apenas 0-5% nas crianças com RM5, a investigação metabólica não deve ser incluída na triagem inicial. Não obstante, a homocistinúria, facilmente diagnosticada por um nível sérico de homocisteína elevado, e os distúrbios do ciclo da uréia, denunciados por hiperamonemia, podem gerar um fenótipo bastante leve. Portanto, os níveis séricos de homocisteína e amônia podem ser incluídos entre os exames iniciais.
Um problema particularmente comum na população com RM é o comportamento auto-agressivo. A expressão do comportamento varia em diferentes distúrbios, como as síndromes do X-frágil, Lesch-Nyhan, Smith-Magenis, Rett e Prader-Willi. Um estudo mencionou a prevalência do comportamento auto-agressivo em 2 a 50% das crianças com RM grave e analisou sua ocorrência em relação à presença de dor crônica. Os autores concluíram que existem duas formas de comportamento auto-agressivo: uma associada a dor e dirigida para o local de origem da dor, e outra, mais
freqüente, não associada a dor e voltada para as mãos e a cabeça. O manejo desse problema pode incluir técnicas de modificação do comportamento e treinamento na comunicação, bem como uma intervenção farmacológica com inibidores seletivos da recaptação da serotonina, trazodona ou buspirona.
Mental retardation
Marcio M. Vasconcelos
O retardo mental (RM) é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes. A taxa de prevalência tradicionalmente citada é de 1% da população jovem, porém alguns autores mencionam taxas de 2
a 3%, e há estimativas de até 10%. Há um consenso geral de que o RM é mais comum no sexo masculino, um achado atribuído às numerosas mutações dos genes encontrados no cromossomo X. A razão entre os sexos masculino
e feminino é de 1,3 a 1,9 para 13. As crianças acometidas muitas vezes apresentam-se ao pediatra geral com queixa de atraso na fala/linguagem, alteração do comportamento, ou baixo rendimento escolar.
A descoberta da fenilcetonúria em 1934 levou rapidamente à constatação de que uma dieta pobre em fenilalanina preveniria o RM associado à doença, e este modelo de definição do diagnóstico, levando ao esclarecimento da fisiopatologia e ao tratamento em potencial, muitas vezes incentivou as pesquisas sobre o RM. De fato, existem várias razões para se perseguir a etiologia do RM5, pois a família deseja esclarecer o problema, e a definição da causa ajuda a estabelecer o risco de recorrência, planejar exames laboratoriais adequados, instituir o tratamento apropriado (se existente), predizer o prognóstico e encaminhar o paciente e a família a grupos de apoio.
Uma avaliação clínica criteriosa atualmente é capaz de identificar a etiologia do RM em até 50 a 70% dos casos, um percentual bem maior do que aquele relatado em séries de casos mais antigas.
A afirmação de que a etiologia é definida com maior freqüência no RM grave deixa de ser válida quando se têm à disposição técnicas de diagnóstico mais modernas, como o cariótipo de alta resolução, a hibridização in situ de fluorescência (FISH), a triagem subtelomérica, a microdissecção cromossômica e a espectroscopia por ressonância magnética.
A investigação laboratorial do RM varia com a idade da criança, o índice de suspeição das etiologias tratáveis e a preocupação dos pais com a recorrência do problema em futuras gestações. Uma conduta ponderada , com reavaliações seriadas da criança ao longo do tempo, às vezes durante vários anos, aumenta as chances de definir o diagnóstico. Como relativamente poucas doenças metabólicas causam RM isolado sem outros sintomas associados, e devido à sua prevalência de apenas 0-5% nas crianças com RM5, a investigação metabólica não deve ser incluída na triagem inicial. Não obstante, a homocistinúria, facilmente diagnosticada por um nível sérico de homocisteína elevado, e os distúrbios do ciclo da uréia, denunciados por hiperamonemia, podem gerar um fenótipo bastante leve. Portanto, os níveis séricos de homocisteína e amônia podem ser incluídos entre os exames iniciais.
Um problema particularmente comum na população com RM é o comportamento auto-agressivo. A expressão do comportamento varia em diferentes distúrbios, como as síndromes do X-frágil, Lesch-Nyhan, Smith-Magenis, Rett e Prader-Willi. Um estudo mencionou a prevalência do comportamento auto-agressivo em 2 a 50% das crianças com RM grave e analisou sua ocorrência em relação à presença de dor crônica. Os autores concluíram que existem duas formas de comportamento auto-agressivo: uma associada a dor e dirigida para o local de origem da dor, e outra, mais
freqüente, não associada a dor e voltada para as mãos e a cabeça. O manejo desse problema pode incluir técnicas de modificação do comportamento e treinamento na comunicação, bem como uma intervenção farmacológica com inibidores seletivos da recaptação da serotonina, trazodona ou buspirona.
Questão 3 - Fichamento
Genética e fisiopatologia dos transtornos depressivos
Beny Lafer e Homero Pinto Vallada Filho
Observações feitas ainda no século XIX por psiquiatras europeus como Morel, Griesinger, Maudsley e Kraepelin já davam conta que esse distúrbio afetivo parecia se concentrar mais em determinadas famílias1. Portanto, desde essas observações clínicas, tem-se procurado demonstrar a existência de um componente genético para as depressões.
Quando se pretende investigar o componente genético da depressão, uma das dificuldades centrais é a caracterização precisa do fenótipo. Chamamos de fenótipo aquelas características observáveis num indivíduo que pretendemos relacionar a uma determinada constituição genética. No caso específico da depressão, mesmo com os critérios operacionais atuais, a confiabilidade do diagnóstico entre diferentes entrevistadores varia bastante, dependendo do número de episódios e da gravidade.
No estudo de genética molecular esse tipo de investigação em geral necessita de famílias grandes e com múltiplos afetados. Entretanto, a principal limitação dessa estratégia é o pressuposto de que a doença em estudo seja causada por um único gene. O que se verifica atualmente é que a depressão não apresenta um padrão de transmissão compatível com um modelo de herança mendeliana simples. Portanto, esse tipo de estudo tem sido muito pouco utilizado.
Um dos principais desafios nos estudos genéticos da depressão continua sendo a caracterização precisa do fenótipo. Entretanto, mesmo apresentando variações no conceito de depressão, pode-se concluir a partir de um grande número de investigações que:
• Estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético para depressão tanto unipolar como bipolar.
• Estima-se que este componente genético represente cerca de 40% da susceptibilidade para desenvolver depressão unipolar e 70% para o transtorno bipolar.
• O modo de transmissão genética permanece não definido, embora as análises de segregação já sugiram que a depressão é provavelmente multifatorial.
• Os estudos de genética molecular não conseguiram ainda identificar um locus gênico específico para a depressão, possivelmente por se tratar de uma enfermidade com heterogeneidade etiológica.
Os estudos neuroquímicos e de neuroimagem combinados com a identificação de genes de vulnerabilidade à doença e a pesquisa sobre a interação entre o cérebro e o meio ambiente continuam sendo a melhor estratégia no entendimento da neurobiologia dos transtornos do humor.
Não se pretende reduzir toda a patogênese dos quadros depressivos a alterações neuroanatômicas, mas com certeza a melhor compreensão da etiopatogenia poderá futuramente auxiliar na detecção precoce, no desenvolvimento de novos tratamentos, assim como na predição da resposta terapêutica.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44461999000500004&script=sci_arttext
Beny Lafer e Homero Pinto Vallada Filho
Observações feitas ainda no século XIX por psiquiatras europeus como Morel, Griesinger, Maudsley e Kraepelin já davam conta que esse distúrbio afetivo parecia se concentrar mais em determinadas famílias1. Portanto, desde essas observações clínicas, tem-se procurado demonstrar a existência de um componente genético para as depressões.
Quando se pretende investigar o componente genético da depressão, uma das dificuldades centrais é a caracterização precisa do fenótipo. Chamamos de fenótipo aquelas características observáveis num indivíduo que pretendemos relacionar a uma determinada constituição genética. No caso específico da depressão, mesmo com os critérios operacionais atuais, a confiabilidade do diagnóstico entre diferentes entrevistadores varia bastante, dependendo do número de episódios e da gravidade.
No estudo de genética molecular esse tipo de investigação em geral necessita de famílias grandes e com múltiplos afetados. Entretanto, a principal limitação dessa estratégia é o pressuposto de que a doença em estudo seja causada por um único gene. O que se verifica atualmente é que a depressão não apresenta um padrão de transmissão compatível com um modelo de herança mendeliana simples. Portanto, esse tipo de estudo tem sido muito pouco utilizado.
Um dos principais desafios nos estudos genéticos da depressão continua sendo a caracterização precisa do fenótipo. Entretanto, mesmo apresentando variações no conceito de depressão, pode-se concluir a partir de um grande número de investigações que:
• Estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético para depressão tanto unipolar como bipolar.
• Estima-se que este componente genético represente cerca de 40% da susceptibilidade para desenvolver depressão unipolar e 70% para o transtorno bipolar.
• O modo de transmissão genética permanece não definido, embora as análises de segregação já sugiram que a depressão é provavelmente multifatorial.
• Os estudos de genética molecular não conseguiram ainda identificar um locus gênico específico para a depressão, possivelmente por se tratar de uma enfermidade com heterogeneidade etiológica.
Os estudos neuroquímicos e de neuroimagem combinados com a identificação de genes de vulnerabilidade à doença e a pesquisa sobre a interação entre o cérebro e o meio ambiente continuam sendo a melhor estratégia no entendimento da neurobiologia dos transtornos do humor.
Não se pretende reduzir toda a patogênese dos quadros depressivos a alterações neuroanatômicas, mas com certeza a melhor compreensão da etiopatogenia poderá futuramente auxiliar na detecção precoce, no desenvolvimento de novos tratamentos, assim como na predição da resposta terapêutica.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-44461999000500004&script=sci_arttext
Questão 3 - Fichamento
Uso de serviços odontológicos por pacientes com síndrome de Down.
Utilization of oral health care for Down syndrome patients.
OLIVEIRAI A. C.; CZERESNIAII D.; PAIVAI S. M.; CAMPOSII M.R; FERREIRAI E.
O desenvolvimento desse estudo tem como objetivo analisar os fatores relacionados à atenção odontológica recebida
por crianças e adolescentes com síndrome de Down.
A síndrome de Down ou Trissomia do 21 representa
a anomalia cromossômica mais comum da espécie
humana.
Foi realizado um estudo transversal com amostra de
conveniência composta por crianças e adolescentes com
síndrome de Down na faixa etária entre 3 a 18 anos, e
suas mães.
O diagnóstico de cárie dentária foi baseado nos critérios
clínicos estabelecidos pela OMS ao se identificar a
ausência ou presença de pelo menos uma lesão de cárie
dentária.
Eles foram recrutados em ambulatório de genética médica de um hospital materno-infatil. Os dados foram coletados entre 19 dias.
A idade das crianças/adolescentes manteve-se associada à atenção odontológica após ajuste pelas variáveis do modelo, indicando que os sindrômicos entre 12 e 18 anos possuem cerca de 13 vezes mais chance de já terem recebido algum atendimento
odontológico.
Das crianças estudadas, 79,5% tinham ido ao menos
uma vez ao dentista. A idade média dos indivíduos com síndrome de Down era de 8 anos, 54% era do sexo masculino e 46%
do sexo feminino. A idade média das mães era de 41
anos. No exame clínico foram identificados
83 (74%) crianças ou adolescentes com maloclusão
e 41(37%) com pelo menos um dente com lesão de
cárie dentária. A higiene bucal foi classificada como
suficiente em 97 casos (87%).
Utilization of oral health care for Down syndrome patients.
OLIVEIRAI A. C.; CZERESNIAII D.; PAIVAI S. M.; CAMPOSII M.R; FERREIRAI E.
O desenvolvimento desse estudo tem como objetivo analisar os fatores relacionados à atenção odontológica recebida
por crianças e adolescentes com síndrome de Down.
A síndrome de Down ou Trissomia do 21 representa
a anomalia cromossômica mais comum da espécie
humana.
Foi realizado um estudo transversal com amostra de
conveniência composta por crianças e adolescentes com
síndrome de Down na faixa etária entre 3 a 18 anos, e
suas mães.
O diagnóstico de cárie dentária foi baseado nos critérios
clínicos estabelecidos pela OMS ao se identificar a
ausência ou presença de pelo menos uma lesão de cárie
dentária.
Eles foram recrutados em ambulatório de genética médica de um hospital materno-infatil. Os dados foram coletados entre 19 dias.
A idade das crianças/adolescentes manteve-se associada à atenção odontológica após ajuste pelas variáveis do modelo, indicando que os sindrômicos entre 12 e 18 anos possuem cerca de 13 vezes mais chance de já terem recebido algum atendimento
odontológico.
Das crianças estudadas, 79,5% tinham ido ao menos
uma vez ao dentista. A idade média dos indivíduos com síndrome de Down era de 8 anos, 54% era do sexo masculino e 46%
do sexo feminino. A idade média das mães era de 41
anos. No exame clínico foram identificados
83 (74%) crianças ou adolescentes com maloclusão
e 41(37%) com pelo menos um dente com lesão de
cárie dentária. A higiene bucal foi classificada como
suficiente em 97 casos (87%).
Questão 3 - Fichamento
Aspectos genéticos e sociais da sexualidade em
pessoas com síndrome de Down
Genetic and social aspects of Down syndrome subjects’ sexuality
Lília MA Moreira e Fábio AF Gusmão
A síndrome de Down (SD) é um distúrbio genético, descrito inicialmente pelo médico inglês John Langdon Down em 1866. É condicionada pela presença de um cromossomo 21 adicional nas células de seu portador2 e ocorre como trissomia livre em cerca de 95% dos casos. Nesse distúrbio podem ser também observadas outras formas de trissomia que podem ocorrer
em mosaicismo, com células normais, e outras com trissomia 21 em 1% a 2% dos portadores da síndrome, além de translocações geralmente entre os cromossomos 14 e 21 em cerca de 3% a 4% dos casos. Na maioria das vezes, o distúrbio cromossômico deve-se à mutação de novo, sem chances maiores de recorrência na família.
A SD é caracterizada por um grau variável de atraso no desenvolvimento mental e motor e está associada a sinais como hipotonia muscular (90,9%), prega palmar transversa única
(59,0%), prega única no quinto dedo (18,1%), sulco entre o halux e o segundo artelho (77,2%), excesso de pele no pescoço (82%), fenda palpebral oblíqua (100%), face achatada (86,3%),
de acordo com estudo de revisão. Os valores em parênteses referem-se à freqüência dos sinais entre os portadores da síndrome. Para a manifestação dos sinais clínicos críticos na
SD, é necessário que ocorra a trissomia da banda cromossômica 21q22, correspondente a 1/3 do cromossomo 21.
Rosana Glat20 afirma que “a sexualidade da pessoa com deficiência mental (a não ser nos casos neurologicamente mais prejudicados) não é qualitativamente diferente das demais” e refere que sempre que essa colocação é feita em público leva inevitavelmente a expressões de espanto, descrença e freqüentemente à franca oposição.
No Brasil, estudo realizado pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, com 376 pais de pessoas com SD, mostrou que 70% dos indivíduos pesquisados acreditavam que a sexualidade de seus filhos era semelhante à de outras pessoas. Quando questionados sobre as chances de casamento, 27,3% consideravam viável, e 34%, inviável. A maioria (38,6%) opinava que isso dependia de cada caso, considerando aspectos como independência e comprometimento mental. Quanto à procriação, para 58% dos pais entrevistados, tratava-se de uma possibilidade inviável.
No desenvolvimento da pessoa com síndrome de Down, a puberdade e a maturação sexual ocorrem de forma comparável às de pessoas da população geral, em termos de idade e regularidade das menstruações, como revelado no estudo de
Goldstein27 realizado com 15 adolescentes, probandas portadoras da SD e controles sem essa síndrome. O trabalho refereidade média da menarca em 13,6 anos para as probandas e em 13,5 para controles, duração de sangramento de 5,5 dias nas probandas e de 5,4 no grupo-controle e duração média do ciclo de 28,3 dias para as probandas em relação ao período de 28,6 dias para os controles. Os problemas ginecológicos mais comuns nas mulheres com SD são os cuidados na higiene menstrual e os sintomas pré-menstruais.
A fertilidade, geralmente, é mais reduzida nos homens do que nas mulheres com SD, apesar do desenvolvimento normal das características sexuais secundárias. Estudos em tecidos testiculares
realizados por Johannisson et al mostraram diminuição na capacidade de formar espermatozóides funcionais e comportamento anômalo do cromossomo 21 extra na meiose, divisão
celular que leva à formação dos gametas. De acordo com os referidos autores, a ausência do cromossomo 21 extra na maioria das células da prófase meiótica, no estágio de paquíteno e
seu reaparecimento em estágios posteriores, poderia ser explicada pela associação do 21 extra com segmentos não-pareados no complexo dos cromossomos sexuais XY, levando à interferência
no processo de inativação do X, o que em sistemas animais tem sido relacionado a distúrbios na espermatogênese e à esterilidade de machos híbridos.
Este estudo foi desenvolvido tendo em vista o momento atual de mudanças de paradigmas e a realidade da inclusão de pessoas com SD na escola e na sociedade, com novas oportunidades de convivência social. As questões sexuais foram consideradas neste trabalho não apenas quanto
às perspectivas biológicas, mas também quanto aos aspectos afetivo, social, cultural e ético, tendo em vista o respeito aos direitos doa pessoa com a síndrome, de sua família e da sociedade como um todo.
pessoas com síndrome de Down
Genetic and social aspects of Down syndrome subjects’ sexuality
Lília MA Moreira e Fábio AF Gusmão
A síndrome de Down (SD) é um distúrbio genético, descrito inicialmente pelo médico inglês John Langdon Down em 1866. É condicionada pela presença de um cromossomo 21 adicional nas células de seu portador2 e ocorre como trissomia livre em cerca de 95% dos casos. Nesse distúrbio podem ser também observadas outras formas de trissomia que podem ocorrer
em mosaicismo, com células normais, e outras com trissomia 21 em 1% a 2% dos portadores da síndrome, além de translocações geralmente entre os cromossomos 14 e 21 em cerca de 3% a 4% dos casos. Na maioria das vezes, o distúrbio cromossômico deve-se à mutação de novo, sem chances maiores de recorrência na família.
A SD é caracterizada por um grau variável de atraso no desenvolvimento mental e motor e está associada a sinais como hipotonia muscular (90,9%), prega palmar transversa única
(59,0%), prega única no quinto dedo (18,1%), sulco entre o halux e o segundo artelho (77,2%), excesso de pele no pescoço (82%), fenda palpebral oblíqua (100%), face achatada (86,3%),
de acordo com estudo de revisão. Os valores em parênteses referem-se à freqüência dos sinais entre os portadores da síndrome. Para a manifestação dos sinais clínicos críticos na
SD, é necessário que ocorra a trissomia da banda cromossômica 21q22, correspondente a 1/3 do cromossomo 21.
Rosana Glat20 afirma que “a sexualidade da pessoa com deficiência mental (a não ser nos casos neurologicamente mais prejudicados) não é qualitativamente diferente das demais” e refere que sempre que essa colocação é feita em público leva inevitavelmente a expressões de espanto, descrença e freqüentemente à franca oposição.
No Brasil, estudo realizado pela Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, com 376 pais de pessoas com SD, mostrou que 70% dos indivíduos pesquisados acreditavam que a sexualidade de seus filhos era semelhante à de outras pessoas. Quando questionados sobre as chances de casamento, 27,3% consideravam viável, e 34%, inviável. A maioria (38,6%) opinava que isso dependia de cada caso, considerando aspectos como independência e comprometimento mental. Quanto à procriação, para 58% dos pais entrevistados, tratava-se de uma possibilidade inviável.
No desenvolvimento da pessoa com síndrome de Down, a puberdade e a maturação sexual ocorrem de forma comparável às de pessoas da população geral, em termos de idade e regularidade das menstruações, como revelado no estudo de
Goldstein27 realizado com 15 adolescentes, probandas portadoras da SD e controles sem essa síndrome. O trabalho refereidade média da menarca em 13,6 anos para as probandas e em 13,5 para controles, duração de sangramento de 5,5 dias nas probandas e de 5,4 no grupo-controle e duração média do ciclo de 28,3 dias para as probandas em relação ao período de 28,6 dias para os controles. Os problemas ginecológicos mais comuns nas mulheres com SD são os cuidados na higiene menstrual e os sintomas pré-menstruais.
A fertilidade, geralmente, é mais reduzida nos homens do que nas mulheres com SD, apesar do desenvolvimento normal das características sexuais secundárias. Estudos em tecidos testiculares
realizados por Johannisson et al mostraram diminuição na capacidade de formar espermatozóides funcionais e comportamento anômalo do cromossomo 21 extra na meiose, divisão
celular que leva à formação dos gametas. De acordo com os referidos autores, a ausência do cromossomo 21 extra na maioria das células da prófase meiótica, no estágio de paquíteno e
seu reaparecimento em estágios posteriores, poderia ser explicada pela associação do 21 extra com segmentos não-pareados no complexo dos cromossomos sexuais XY, levando à interferência
no processo de inativação do X, o que em sistemas animais tem sido relacionado a distúrbios na espermatogênese e à esterilidade de machos híbridos.
Este estudo foi desenvolvido tendo em vista o momento atual de mudanças de paradigmas e a realidade da inclusão de pessoas com SD na escola e na sociedade, com novas oportunidades de convivência social. As questões sexuais foram consideradas neste trabalho não apenas quanto
às perspectivas biológicas, mas também quanto aos aspectos afetivo, social, cultural e ético, tendo em vista o respeito aos direitos doa pessoa com a síndrome, de sua família e da sociedade como um todo.
Questão 3 - Fichamento
A síndrome de Down e sua patogênese: considerações sobre o determinismo genético
Down syndrome and its pathogenesis: considerations about genetic determinism
Lília MA Moreiraa, Charbel N El-Hanib e Fábio AF Gusmãoa
A síndrome de Down é uma condição genética, reconhecida há mais de um século por John Langdon Down,¹ que constitui uma das causas mais freqüentes de deficiência mental (DM).
Além do atraso no desenvolvimento, outros problemas de saúde podem ocorrer no portador da síndrome de Down: cardiopatia congênita (40%); hipotonia (100%); problemas de audição (50 a 70%); de visão (15 a 50%); alterações na coluna
cervical (1 a 10%); distúrbios da tireóide (15%); problemas neurológicos
(5 a 10%); obesidade e envelhecimento precoce. Em termos de desenvolvimento, a síndrome de Down, embora seja de natureza subletal, pode ser considerada geneticamente letal quando se considera que 70–80% dos casos são eliminados
prematuramente.
O cromossomo 21, o menor dos autossomos humanos, contém cerca de 255 genes, de acordo com dados recentes do Projeto Genoma Humano. A trissomia da banda cromossômica 21q22, referente a 1/3 desse cromossomo, tem sido relacionada às características da síndrome. O referido segmento cromossômico apresenta, nos indivíduos afetados, as bandas características da eucromatina correspondente a genes estruturais e seus produtos em dose tripla.
A elaboração do mapa fenotípico, associando características específicas com sub-regiões do cromossomo 21, mostra que, entre os produtos gênicos conhecidos, só a APP (proteína precursora amilóide) foi decisivamente relacionada à síndrome de
Down. O gene correspondente foi mapeado na banda cromossômica 21q21.5 e vários fragmentos da sua molécula foram associados com a inibição da serina protease, adesão
celular, neurotoxicidade e crescimento celular. A sua função se manifesta no desenvolvimento do sistema nervoso central, onde é sintetizada tanto em neurônios quanto em células glíares (astrócitos).
Dos genes mapeados no segmento cromossômico crítico, apenas 22 foram clonados e poucos demonstram relação com a síndrome de Down. Dentre esses, destacam-se o gene CBS (cistationina betassintetase), relacionado à homocistinúria; o gene
CD18, associado à síndrome autossômica recessiva de baixa resistência a infecções bacterianas; e o gene AML 1, envolvido no subtipo M2 da leucemia mielóide aguda, associado à translocação cromossômica 8;21.5,11 Também no cromossomo 21 encontram– se os genes que comandam a formação de enzimas que podem estar ligadas a alterações neurológicas, como a superóxido dismutase (SOD–1). Esse gene está situado na região proximal da banda 21q22 e se expressa em neurônios ou neuroglias do sistema nervoso central, onde é controlado de acordo com o desenvolvimento. O conhecimento desses genes tem sido facilitado pela análise de indivíduos raros que apresentam trissomia 21 parcial, com ou sem o fenótipo característico da síndrome.
Patil et al12 observam que qualquer gene em 21q que influencie o desenvolvimento neuronal pode atuar na etiologia do retardo mental, uma vez que o não-balanceamento gênico pode levar a um funcionamento sub-ótimo.
Observações indicam que, não obstante a síndrome de Down ser claramente uma condição genética, uma explicação gene-cêntrica não dá conta de todos os seus aspectos. As contribuições ao fenótipo dependem de processos morfogenéticos e, em sentido mais lato, do desenvolvimento como um todo, que sofrem, por sua vez, a influência de fatores epigenéticos (uma crítica às explicações gene-cêntricas do desenvolvimento nesses termos é encontrada em Smith;18 El- Hani19,20). Interações celulares, causas ambientais e fatores estocásticos (‘ruídos do desenvolvimento’; Levins & Lewontin21) parecem ser relevantes para a explicação da origem dos traços fenotípicos que compõem a síndrome de Down.
Down syndrome and its pathogenesis: considerations about genetic determinism
Lília MA Moreiraa, Charbel N El-Hanib e Fábio AF Gusmãoa
A síndrome de Down é uma condição genética, reconhecida há mais de um século por John Langdon Down,¹ que constitui uma das causas mais freqüentes de deficiência mental (DM).
Além do atraso no desenvolvimento, outros problemas de saúde podem ocorrer no portador da síndrome de Down: cardiopatia congênita (40%); hipotonia (100%); problemas de audição (50 a 70%); de visão (15 a 50%); alterações na coluna
cervical (1 a 10%); distúrbios da tireóide (15%); problemas neurológicos
(5 a 10%); obesidade e envelhecimento precoce. Em termos de desenvolvimento, a síndrome de Down, embora seja de natureza subletal, pode ser considerada geneticamente letal quando se considera que 70–80% dos casos são eliminados
prematuramente.
O cromossomo 21, o menor dos autossomos humanos, contém cerca de 255 genes, de acordo com dados recentes do Projeto Genoma Humano. A trissomia da banda cromossômica 21q22, referente a 1/3 desse cromossomo, tem sido relacionada às características da síndrome. O referido segmento cromossômico apresenta, nos indivíduos afetados, as bandas características da eucromatina correspondente a genes estruturais e seus produtos em dose tripla.
A elaboração do mapa fenotípico, associando características específicas com sub-regiões do cromossomo 21, mostra que, entre os produtos gênicos conhecidos, só a APP (proteína precursora amilóide) foi decisivamente relacionada à síndrome de
Down. O gene correspondente foi mapeado na banda cromossômica 21q21.5 e vários fragmentos da sua molécula foram associados com a inibição da serina protease, adesão
celular, neurotoxicidade e crescimento celular. A sua função se manifesta no desenvolvimento do sistema nervoso central, onde é sintetizada tanto em neurônios quanto em células glíares (astrócitos).
Dos genes mapeados no segmento cromossômico crítico, apenas 22 foram clonados e poucos demonstram relação com a síndrome de Down. Dentre esses, destacam-se o gene CBS (cistationina betassintetase), relacionado à homocistinúria; o gene
CD18, associado à síndrome autossômica recessiva de baixa resistência a infecções bacterianas; e o gene AML 1, envolvido no subtipo M2 da leucemia mielóide aguda, associado à translocação cromossômica 8;21.5,11 Também no cromossomo 21 encontram– se os genes que comandam a formação de enzimas que podem estar ligadas a alterações neurológicas, como a superóxido dismutase (SOD–1). Esse gene está situado na região proximal da banda 21q22 e se expressa em neurônios ou neuroglias do sistema nervoso central, onde é controlado de acordo com o desenvolvimento. O conhecimento desses genes tem sido facilitado pela análise de indivíduos raros que apresentam trissomia 21 parcial, com ou sem o fenótipo característico da síndrome.
Patil et al12 observam que qualquer gene em 21q que influencie o desenvolvimento neuronal pode atuar na etiologia do retardo mental, uma vez que o não-balanceamento gênico pode levar a um funcionamento sub-ótimo.
Observações indicam que, não obstante a síndrome de Down ser claramente uma condição genética, uma explicação gene-cêntrica não dá conta de todos os seus aspectos. As contribuições ao fenótipo dependem de processos morfogenéticos e, em sentido mais lato, do desenvolvimento como um todo, que sofrem, por sua vez, a influência de fatores epigenéticos (uma crítica às explicações gene-cêntricas do desenvolvimento nesses termos é encontrada em Smith;18 El- Hani19,20). Interações celulares, causas ambientais e fatores estocásticos (‘ruídos do desenvolvimento’; Levins & Lewontin21) parecem ser relevantes para a explicação da origem dos traços fenotípicos que compõem a síndrome de Down.
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